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CADEIRA 12

João Pandiá Calógeras
(Rio de Janeiro, 19/06/1870 -
Petrópolis, 21/04/1934)

João Pandiá Calógeras nasceu, em 19 de junho de 1870, na cidade do Rio de Janeiro.

Seu avô, João Batista Calógeras, nascido em Corfu, na Grécia, em 1810, formou-se em Direito na Universidade de Paris e radicou-se no Brasil em 1841. Em 1847, foi nomeado professor de História e Geografia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro e, em 1851, em sociedade com outro notável mestre, o Barão de Tautphoeus, fundou em Petrópolis o renomado "Colégio dos Meninos", que dirigiu até 1851, quando o vendeu ao professor Bernardo Falleci. Naturalizado brasileiro em 1854, foi nomeado cinco anos mais tarde 1º Oficial de Gabinete no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e possuía, entre outras, a Comenda da Ordem da Rosa. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1878.

Seus pais foram o engenheiro Michel Calógeras, nascido no Rio de Janeiro em 1842, e D. Júlia Ralli Calógeras.

Michel Calógeras, associado a seu irmão Pandiá George e ao engenheiro Luís Berrini, teve a concessão do prolongamento, até Petrópolis, da Companhia Estrada de Ferro Mauá. Construiu a linha da serra, empregando pela 1ª vez no Brasil o sistema suíço de cremalheira Riggenbach, da Raiz ao Alto da Serra. Dirigiu por vários anos as Companhias de bondes do Rio de Janeiro "Carioca e Riachuelo" e "Carris Urbanos &".

Segundo Gontijo de Carvalho, Pandiá "aprendeu a ler e escrever aos quatro anos de idade. Não freqüentou escolas e ginásios oficiais. Deveu a formidável cultura humanística, das maiores do Brasil, aos seus pais e avós e a um luzidio corpo de professores particulares, notadamente alemães, que, em Petrópolis, se encarregaram de sua formação mental".

Após os estudos preparatórios feitos no Colégio Pedro II, matriculou-se na Escola de Minas de Ouro Preto, estabelecimento de gloriosas tradições, onde se formou em 1890, aos 20 anos de idade.

No ano seguinte, casou-se com D. Elisa da Silva Guimarães, filha do Dr. Joaquim Caetano da Silva Guimarães, ministro do Supremo Tribunal de Justiça e sobrinha do poeta Bernardo Guimarães.

Desenvolveu intensa atividade profissional, realizando pesquisas geológicas, inicialmente em Santa Catarina e posteriormente em Minas Gerais.

Militando na política, o Dr. Calógeras representou o Estado de Minas, como deputado federal, de 1897 a 1899 e de 1903 a 1914, sempre se havendo com destacado brilho. Já no fim da vida, candidatou-se à Constituinte, tendo sido eleito pelo Partido Progressista de Minas Gerais, com a maior votação até então alcançada por um candidato a deputado.

Como autor, nos deixou inúmeros escritos de raro valor, entre os quais se salientam: "Res nostra"; "As minas do Brasil e sua legislação"; "A política monetária do Brasil"; "Formação histórica do Brasil"; "A política exterior do Império"; "Problemas de governo"; "Problemas de administração"; "Novos rumos econômicos"; "Os jesuítas e o ensino"; "Conceito cristão do trabalho".

Desempenhou missões diplomáticas de alto relevo, integrando a delegação brasileira à III Conferência Pan-Americana, realizada no Rio de Janeiro de 1906, à IV Conferência Pan-Americana, realizada em Buenos Aires, em 1910 e à Conferência da Paz, em Versalhes, onde teve atuação marcante.

Ocupou as pastas da Agricultura (1914-1915), da Fazenda (1915-1917) e da Guerra (1919-1922), de que foi o primeiro ministro civil da república.

Na Pasta da Agricultura, incrementou a produção do fumo, organizou o crédito agrícola, estudou o uso do álcool como substituto da gasolina e remodelou os serviços de industria pastoril; na da Fazenda, reduziu as despesas públicas, exerceu rígido controle sobre as alfândegas, recuperou navios, negou-se a emitir papel moeda e honrou todos os compromissos do funding; na da Guerra, embora recebido com desconfiança por alguns, não demorou a se tornar estimado nos círculos militares.

Com a ajuda dos mais competentes generais de nosso Exército, entre os quais Tasso Fragoso e Cândido Rondon, e a assessoria da missão militar francesa chefiada pelo General Maurice Gamelin, modernizou, expandiu e aperfeiçoou todos os setores do Exército. Durante sua gestão, foi criado o Código de Organização Judiciária e do Processo Militar, foi criada a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, foram construídos inúmeros quartéis e reformados outros, o país foi dividido em regiões militares de recrutamento. Os serviços que prestou ao Exército foram tão marcantes que alguns não hesitam em considerá-lo um dos mais importantes ministros que exerceram a Pasta da Guerra.

Foi em Petrópolis que ele viveu os últimos anos de sua profícua existência e onde provavelmente escreveu "Ascensões d'alma", obra publicada em 1934, com prefácio do Padre Leonel Franca, verdadeira obra-prima que revela seu amor pelo Criador e sua fidelidade aos ensinamentos do Evangelho.

Calógeras faleceu em Petrópolis, no Sanatório São José, anexo aos Hospital Santa Tereza, onde se achava em tratamento havia poucos dias, às 20:30 horas do dia 21 de abril de 1934. Seu corpo foi sepultado no cemitério municipal, numa sepultura em cuja lápide ainda hoje podem-se ler os dizeres: "Ad pedes tuos...Fiat voluntas tua..." (Aos teus pés...Faça-se a tua vontade...), dizeres que refletem a resignação e a humildade evangélica que acompanharam sua alma profundamente cristã nos estertores de sua existência.