hans staden

Hans Staden nasceu em Homberg (Estado de Hesse), cidade alemã por volta de 1525. Era Humanista e escritor, de profunda sensibilidade. 

No ano de 1547, partindo de Bremen (na Alemanha), depois de passar pelos Países Baixos e por Portugal, Hans Staden chegou à Capitania de Pernambuco em 28 de janeiro do ano seguinte. A sua embarcação dirigia-se à América Portuguesa para carregar pau-brasil (Caesalpinia echinata), mas também deveria combater quaisquer navios franceses a negociar com os nativos e transportar degredados remetidos para povoar a colônia.

O governador de Pernambuco, Duarte da Costa, que enfrentava uma revolta indígena na ocasião, pediu ajuda aos recém-chegados. Hans Staden e os demais rumaram para Igaraçú, próxima a Olinda, em um navio para auxiliar na luta. Igaraçú era então defendida por aproximadamente cento e vinte pessoas às quais se uniram os cerca de quarenta recém-chegados, incluindo Hans Staden. Enfrentaram oito mil indígenas. Depois de uma renhida luta, de um cerco prolongado no qual vieram a faltar provisões, os defensores conseguiram vencer os indígenas.

Dias depois enfrentaram um navio francês e logo depois retornaram à Europa, aportando a Lisboa no dia 8 de Outubro.

Mal chegou à Europa e logo embarcou em uma nau para voltar ao Brasil. Em sua segunda viagem, Staden partiu de Castela rumo ao Novo Mundo, alcançando-o em 24 de Novembro.

Depois de violentos enfrentamentos com indígenas e passar por fortes tempestades, o navio onde estava naufragou próximo a São Vicente. Ele e seus companheiros sobreviveram e Staden foi contratado como artilheiro pelos colonos portugueses para o Forte de São Filipe da Bertioga.

Enquanto caçava sozinho, Staden foi feito prisioneiro por uma tribo Tupinambá que conduziu-o a Ubatuba. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois os tupiniquins aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, não tendo escolha lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas estes vendo que a luta era inútil logo desistiram.

Era tratado como um "animal de estimação" pelos Tupinambás, tendo inclusive, mudado de "dono".

Pediu ajuda a um navio português e a outro francês. Ambos recusaram-se a ajudá-lo por não desejarem entrar em conflito com os índios. Foi, enfim, resgatado pelo navio corsário francês Catherine de Vetteville, comandado por Guillaume Moner depois de mais de nove meses aprisionado.

De volta à Europa, redigiu um relato sobre as peripécias de suas viagens e aventuras no Novo Mundo, uma das primeiras descrições para o grande público acerca dos costumes dos indígenas sul-americanos. O livro é intitulado "Warhaftige Historia und Beschreibung eyner Landtschafft der wilden, nacketen, grimmigen Menschfresser Leuthen in der Newenwelt America gelegen" e foi publicado em Marburgo, Alemanha, por Andres Colben em 1557. Chama-se comumente "Duas viagens ao Brasil".

Conheceu sucessivas edições, constituindo-se num sucesso editorial devido às suas ilustrações, descrições de rituais antropofágicos, animais, plantas e costumes exóticos.

"A sua influência no meio culto da época ajudou a criar, no imaginário europeu quinhentista, a idéia da terra brasílica como o país dos canibais, devido às ilustrações com cenas de antropofagia." ("Brasiliana da Biblioteca Nacional", de 2001). 

Para o estudioso, a obra contém informações de interesse antropológico, sociológico, linguístico e cultural sobre a vida, os costumes e as crenças dos indígenas do litoral brasileiro na primeira metade do século XVI.