Domitília de Castro Canto e Melo

Poucas pessoas sem mandato exerceram tanta influência durante o 1º Reinado como a aristocrata Domitila de Castro Canto e Melo, que passou para a história como Marquesa de Santos, a mais famosa amante de Dom Pedro 1º.

Filha do coronel reformado João de Castro Canto e Melo e de Escolástica Bonifácio de Toledo Ribas, Domitila trabalhou para a família real como camareira-mor da imperatriz Maria Leopoldina.

Quando tinha apenas 16 anos, Domitila casou-se com um oficial mineiro, integrante do 2º Esquadrão do Corpo dos Dragões da Cidade de Vila Rica, o alferes, Felício Pinto Coelho de Mendonça, com quem teve três filhos.

Em 1815, depois de uma discussão com o seu marido, Domitila, que estava grávida, foi esfaqueada. Este ato levou a futura Marquesa de Santos a abandonar Mendonça e retornar para a casa dos pais, em São Paulo. Depois da separação, começou a namorar D. Pedro 1º, um romance que a levou a ser condecorada inicialmente como Viscondessa e, em seguida, Marquesa de Santos.

Domitila conheceu Dom Pedro 1º pouco antes da Proclamação da Independência. O imperador, após realizar uma viagem a São Paulo, convidou-a para morar no Rio de Janeiro, em um palacete que foi adaptado e decorado de acordo com as suas preferências.

A união extraconjugal com o responsável pela Independência do Brasil, que durou sete anos, deu outros cinco filhos à Marquesa _um menino natimorto (1823), Isabel Maria de Alcântara Brasileira (1824), Pedro de Alcântara Brasileiro (1825), morto antes de completar um ano, Maria Isabel de Alcântara Brasileira (1827), que morreu com nove meses e Maria Isabel 2ª de Alcântara Brasileira, que somente foi reconhecida por D. Pedro às vésperas da morte do imperador.

Mesmo enfrentando uma forte oposição da Corte, que não aceitava o seu namoro com o imperador, Domitila continuou fazendo parte do núcleo do "poder" até que D. Pedro 1º anunciou o seu casamento com Amélia Beauharnais, a Duquesa de Luuchtemberg.

Domitila, então, deixou o Rio de Janeiro e voltou a morar em São Paulo, onde se casou com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, com quem teve outros quatro filhos. No dia 13 de novembro de 1867, a Marquesa de Santos morreu em São Paulo e foi enterrada no Cemitério da Consolação, cujas terras foram doadas por ela à cidade.

Em São Paulo, a Marquesa de Santos dedicou os seus últimos anos a ajudar os pobres, doentes e estudantes. Rica e com muito prestígio político, recebia as principais personalidades da vida acadêmica e cultural de São Paulo em sua casa, um "solar" muito elegante e luxuoso, comprado em 1834.

Construído na segunda metade do século 18, a residência ficou mais conhecida como o "Solar da Marquesa". Depois da sua morte, o solar abrigou o Palácio Episcopal e sede de companhias de gás. Hoje, abriga parte do acervo do Museu da Cidade de São Paulo, com mobília e utensílios domésticos, além de fotos antigas e paredes de taipa de pilão.